Todos sabem de minha grande admiração por todos os membros deste eclético grupo de “pedalfilistas”, mas desta vêz, vou abrir meu coração e expor fatos desconhecidos da grande maioria.
Primeiramente, quero saber quem foi o “FDP” que sugeriu novamente o percurso para aquela cachoeira da escadaria, lá na “PQP”?????
Segundamente, quem foi que convidou o Chico Xavier para participar desta pedalada??????
Quero deixar bem claro que este “FDP” – Feliz Desportista dos Pedais”, acertou em cheio, pois a cachoeira lá na “PQP” – Perfeita Quota do Paraíso” vale a pena ser visitada, mesmo que o preço seja o sangue derramado no caminho ou mesmo o sangue sugado por muriçocas...
Que passeio sensacional...Nosso grupo está cada vêz mais ousado e focado em metas ambientalmente corretas. (Não gostei, mas vai ficar assim mesmo...)
Agora!!! Merece uma salva de palmas o cara que convidou o grande Chico Xavier para as pedaladas. Foi de emocionar tamanha determinação e superação de nosso amigo, que deixou todos seus compromissos de outro mundo, só para nos dar o prazer de sua companhia. Este sim, podemos afirmar que transpôs muitos obstáculos, quase que mortais, para alcançar o paraíso. Derramou, literalmente, sangue e suor em sua primeira jornada para chegar e retornar da PQP.
Como de costume nosso grupo se concentrou na praça Lions, de nossa belíssima cidade, e às 08:15H iniciamos nossa jornada até a cachoeira da escadaria, nas longínquas terras do Sr. Antonio Ermirio de Moraes, de nossa vizinha cidade de Votorantim.
Estavam lá, cheios de entusiasmo, os sempre determinados e pontas-firmes Magoo, Capivara, Perinha, Thiago e Enéas além de nosso convidado especial Chico Xavier. Não presentes, os furões Big, Pedrão, Juninho, Paulo Pimenta, Galo, Osmar, Beto (filho do Osmar). O Osmar teve a coragem de trocar a nossa companhia pela de um tal de Kevin Costner, que foi fazer um showzinho em Bauru. Dá para acreditar?
Naquela agradável manhã, partimos para a “cachoeira da escadaria”, conscientes dos desafios que haveria pela frente.
Já nem comentamos mais sobre a dificuldade para se chegar até o cemitério de Votorantim, pois isto para os Cervabikers já está se transformando em um leve aquecimento, considerando o grau de dificuldade do trajeto desenhado, que denominamos de Inhaiba Reverso. Até o Chico Xavier conseguiu chegar. Meia hora depois, mas chegou...
Alguns Kms após o cemitério, surge o primeiro grande desafio. A descida da “bendita” trilha do sofá. Como não afrouxamos, decidimos desce-la sobre nossas máquinas de comer terra, mesmo tendo em mente o acidente ocorrido na semana anterior com uma das integrantes do grupo do casal 20, que diga-se de passagem, um grupo muito legal com o qual os Cervabikers costumam pedalar de vêz em quando.
Graças a Deus, todos nós chegamos intactos ao final da descida daquela trilha. Nosso amigo Capivara bem que tentou fazer a descida sem utilizar os freios, mas não conseguiu. Este feito cabe somente ao mais destemido membro do grupo, o Magoo.
Entramos então na parte considerada mais leve da trilha, cercada de “calípios” e agradávelmente sombreada. Desconsiderando os aclives, pois também tivemos bons declives, tudo estava correndo muito bem, até que nosso amigo do outro mundo, o Chico Xavier, começou a reclamar de dores musculares. Alias, ele já estava apresentando uma certa irritação com os demais companheiros, pois a todo momento alguém lhe dizia que já estávamos chegando ao destino e só o que se percebia é que ficávamos cada vêz mais longe do mundo. Mas fazer o que? Se ele tentasse voltar sozinho, certamente iria se perder. Então, ele respirou fundo e foi em frente.
Mas não teve jeito, tivemos que dar uma paradinha mais longa para descanso, afinal todos estavam cansados. Foi ai que fomos atacados impiedosamente por gigantescas muriçocas, que a todo custo tentavam levar nosso precioso sangue. Não bastasse isso, agora foi a vêz do Perinha, dizer que não estava conseguindo ficar parado, pois seus pés, estranhamente doíam. Conclusão, tivemos que correr das muriçocas e não podíamos mais parar em função das dores do Perinha. Um, Chico Xavier, reclamava de pedalar e o outro, Perinha, reclamava quando parávamos. Durmam com um barulho deste...
Quanto mais aproximava-mos da cachoeira, mais difícil se tornava o caminho. Daquela bem cuidada estrada de terra, entramos finalmente no caminho que nos levaria a tão aguardada cachoeira da escadaria.
Chico e Perinha foram a loucura, quando adentramos em seu trecho final.
Até mesmo Carlos Drumond de Andrade se surpreenderia com o que estava por vir. Não havia uma pedra no caminho, mas havia sim uma tênue linha no meio de uma imensidão de pedras. Havia chovido durante a semana, e o nosso caminho se transformou em um verdadeiro teste de resistência e até, porque não dizer, de sobrevivência. Afinal, o risco de uma queda com graves consequências era iminente.
Não tínhamos como recuar. Nossa honra estava em jogo, e não seriam aquelas pedras que nos impediriam de chegar a PQP. Lembramos do ditado que diz que só se alcança o paraíso com muito suor e que pedras fazem parte do caminho.
Foi decidirmos ir em frente e alguns metros depois o Chico disse que não tinha mais como continuar, pois sentiu uma fisgada no músculo de uma das pernas. Mais alguns metros, foi a outra perna. Já não tinha mais controle sobre elas e estava com uma enorme dificuldade para continuar, até mesmo a pé.
Magoo, num ato de solidariedade ao amigo, passou a acompanhá-lo. Na verdade o Magoo estava era exausto e se aproveitou da fragilidade do Chico para justificar sua baixa performance.
Pedras, suor, dor e muriçocas não foram suficientes para abalar nossa determinação e finalmente...A Cachoeira da Escadaria, lá na PQP...
A emoção e a alegria foram contagiantes...Todos queriam desfrutar daquela abundante beleza natural. Thiago foi direto para a água, que aliás estava muito gelada. Magoo tomou posse de uma verdadeira poltrona no meio do lago formado pelas aguas da cachoeira, Capivara já se imaginou como o “Caratê Kid; Chico Xavier entrou em transe e só meditava sob as sombras daquele deslumbrante cenário; Enéas era só sorrisos e não cansava de dizer o quanto tinha valido a pena tanto sacrifício. Perinha, sempre centrado, em silêncio contemplava aquele belo pedaço do paraíso.
Alguns certamente podem discordar quanto aos desafios e obstáculos encontrados para chegar a “cachoeira da escadaria”, porém temos certeza que ninguém questionará a beleza e o encanto do local. Vale a pena conhece-la.
Recarregadas as baterias, é chegada a hora de iniciar-mos o retorno, que por sinal, não seria diferente em termos de dificuldade e desafios.
Em uma pequena descida, Chico caiu com sua Treck em uma vala e ai veio o pior...ralou uma de sua pernas.
Agora sim, além da dor, do suor e das pedras, temos também sangue derramado no caminho...
Percebam, caros aficionados do pedal, o quão penosa foi esta nossa aventura.
Como se não bastassem as dificuldades naturais, erramos o caminho de volta. Magoo e Chico, empurrando suas bikes por quase 2 Kms, são surpreendidos com nosso amigo roedor descendo a ladeira berrando, com sua voz inconfundível: Volta, volta!!! O caminho está errado...
O Chico, naquele momento, só não chorou porque já não tinha mais forças para isto. Olhou para Magoo e disse: Não vou conseguir voltar, não estou mais aguentando...
Não tinham o que fazer a não ser voltar. A sorte é que agora iriam descer toda aquela distância que haviam subido empurrando suas bikes.
Sofremos, mas conseguimos vencer mais uma difícil etapa de nossa aventura. Chegamos a portaria da Fazenda.
Foi um alívio geral, como se tivéssemos atravessado o deserto do Saara, sem água, e chegamos a um oásis...
A partir deste momento tudo seria diferente. Sorrisos novamente surgiram nos belos rostos de todos cervabikers. Já nos sentia-mos em nossas casas, pois até Brigadeiro Tobias seriam somente descidas, com muito pouco esforço físico demandado.
Finalmente, é chegada a hora de nossa reidratação, e o local escolhido foi o Bar Santíago, um de nossos patrocinadores. Infelizmente a bateria de nossa, ou melhor da máquina de tirar retrato do Capi, se esgotou e não foi possível fazer o registro deste momento tão agradável e que faz parte do estatuto deste que é, com certeza, o grupo mais unido e irreverente de bikers de nossa cidade.
Com um completo rodízio de cervejas, acompanhado de duas generosas porções de mignon a parmegiana e muita descontração fechamos mais uma agradável aventura.
Caros Cervabikers, para fechar meu coração, um grande abraço à todos e saibam que é uma enorme satisfação tê-los como amigos.
Vamos para o próximo, e que Deus nos abençoe.
Magoo