Depois de um meticuloso e estudado planejamento os Cervabikers® finalmente decidiram enfrentar o seu mais ambicioso desafio: Pedalar por mais que 100 quilômetros até a aprazível Sarapuí. Capivara, Enéas, Perinha, Osmar e Beto se concentraram na Renault da Avenida Armando Pannunzio, enquanto Magoo e Pimenta vieram da Praça Lions acompanhados de Marcos e Marquinhos, que infelizmente não nos acompanharam neste ousado desafio porque tinham compromissos inadiáveis.
Partimos com a faca nos dentes para quebrar mais este limite depois de uma rápida seção de acalorados cumprimentos, fofocas e piadinhas.
Seguimos na direção do parque Novo Mundo, passamos pela Granja Céu Azul, campo de treinamento do Atlético Sorocabano e finalmente seguimos por uma estradinha de terra que termina na estrada para Jundiaquara, próximo a Universidade do Cavalo.
Todas as vezes que passávamos pelo local nos contentávamos em simplesmente tirar fotos na placa da Universidade. Mas desta vez seria diferente, estávamos determinados a ter um passeio inesquecível e pedimos autorização para entrar e visitar esta tão importante universidade. Tínhamos também que pegar nossos diplomas de formatura na única universidade onde o trote é incentivado. Vejam que todos estavam orgulhosos em buscar este tão sonhado símbolo de nossa sutileza e delicadeza. Alguns tinham também a esperança de sair com ferraduras novas.
Brincadeiras à parte, nós fomos muito bem recebidos pelas funcionárias, as quais gentilmente mostraram todos os detalhes das instalações. Elas foram bem humoradas ao “agüentar” as piadinhas tão peculiares dos ciclistas mais sem noção do mundo em duas rodas. É importante deixar um agradecimento especial para a Cibeli que foi especialmente gentil e solícita.
Nesta rápida visita ficamos bastante impressionados com o restaurante e as cocheiras que demonstram a organização e os cuidados com os animais.
Conhecemos também a doce Adelaide que é especializada em cuidar dos eqüinos locais. Podemos até imaginar o que nosso grande companheiro estaria pensando naquele momento:
- Será que ela vai cuidar de mim também? Eu estou com a minha ferradura quebrada! Cadê a Alfafa??
Tudo o que pudemos ouvir foi um forte relinchar. Não sei se veio do Mustangue negro ou de nosso Corcel II com dupla carburação.
Perinha até encontrou o eqüino ideal para seu tamanho e já estava pensando seriamente em largar a bike e voltar em quatro patas para casa. Com muita paciência acabamos convencendo-o a largar o animal.
Depois de mais de uma hora visitando o local, finalmente demos um pouco de sossego ao pessoal e fomos buscar nosso diploma que foi conquistado com muito esforço e dedicação. Agora somos os verdadeiros “Ferraduras de Ouro”.
Já era 11h: 15min quando partimos em direção ao bairro Cercado para finalmente rumar em direção a Sarapuí. Beto e Osmar decidiram retornar para Sorocaba devido ao horário. Nosso cronograma estava muito atrasado, pois só tínhamos percorrido 15% de todo o trajeto e precisávamos pedalar com força e determinação de lá para frente. Alguns amigos já estavam com um discurso derrotista, mas Capivara e PP estavam determinados a concluir mais este desafio. Da Universidade até o final do bairro Cercado foram transcorridos cerca de 21 km em menos de uma hora, ou seja, fizemos o percurso numa média de 25 km/h. Naquele ponto ainda faltavam 15 km até chegarmos a Sarapuí. Já passava de meio-dia, mas não era hora de desistir. Com a coragem de quem desconhecia todos os desafios que vinham pela frente, partimos determinados a derrotar o atraso e a moleza. Logo no início e próximo ao Pesqueiro Gattaz, encaramos mais um terrível e longo aclive que consumiu boa parte de nossas forças.
Ao chegar ao topo da montanha, Capivara acalmou seus amigos informando que dali para frente não teríamos mais este tipo de “topezinho” e que o resto do caminho seria “piece of cake”. É claro que o roedor desorientado estava muito errado. Percorridos poucos quilômetros já enfrentamos mais uma subida progressiva de mais de 2 quilômetros. Com muita perseverança e xingamentos ostensivos ao pobre e sem noção roedor, finalmente chegamos ao cume de mais esta montanha.
Agora faltava pouco, mas havíamos feito uma média muito pior do que o planejado e acabamos chegando em Sarapuí por volta das 13h:15 min. Fizemos um rápido tour pela cidade e paramos em frente à delegacia para um rápido descanso.
A fome já estava incomodando os bravos ciclistas quando decidimos acatar a sugestão dada - por telefone - pelo Gusmão e fazer uma parada no restaurante Lake para uma rápida hidratação light.
Hidratação light ???? Mais uma vez o roedor sem noção pediu 1,5 kg de carnes variadas, mais um Carré de Carneiro, mais porções de coraçãozinho e polenta.
Como já diria o Genival Lacerda, “nóis inchemo o bucho”. E agora? Como faríamos para retornar para Sorocaba pedalando por mais 50 km??? Como faríamos para pagar aquela conta enorme???
Neste momento crucial, Capivara iniciou um discurso que irou ainda mais os já inflamados e sonolentos ciclo-loucos:
- Como nós vamos passar por Jundiacanga, eu vou ficar no sitio!
Enéas e PP retrucaram em coro:
- Ah não vai não!!!
Capivara temendo ser linchado por seus próprios amigos decidiu não polemizar e gritou:
- Vamos embora enquanto ainda está claro (já era 16h:10min).
E assim começou o frenético retorno para Sorocaba. Nunca antes na história deste país os Cervabikers® imprimiram um ritmo tão forte. Liderados por PP (naturalmente melhor preparado) e por Capivara que parecia tomado pelo capeta, fizeram o trajeto de 23 km, de Sarapuí até Jundiacanga, em uma hora. O que os Cervas não sabiam é que este roedor atrapalhado havia prometido para sua família que voltaria logo e ajudaria na limpeza da sede do Pequeno Latifúndio Improdutivo que estava sendo reformado.
Os Cervas pararam na frente do Pequeno Latifúndio e Capivara foi informar sua amada esposa de que não ficaria.
O que vocês acham que aconteceu??? Capivara foi visto saindo rapidamente do local com o rabinho entre as pernas e com um olhar cabisbaixo e meditabundo. A bronca foi tão feroz que roedor foi expulso do local. Agora não restava alternativa para ele senão voltar para Sorocaba com seus amigos. E assim fomos pedalando alucinadamente para chegarmos antes do anoitecer. Não foi possível. Chegamos aos nossos lares por volta da 18h:30min.
Apesar de toda confusão, o passeio foi muito bacana e inesquecível, principalmente para o roedor mais sem noção do planeta.
By Capivara
Acompanhe alguns momentos deste passeio remixado pelo Osmar.